domingo, 24 de julho de 2011

É do jogo

Passar 38 rodadas sem sofrer um revés não é tarefa fácil. E hoje (24/07) sofremos o primeiro.

Um a zero para o Cruzeiro em Pacaembu lotado. Wallyson aproveitou um vacilo de Ralf, viu o estreante Renan adiantado e mandou uma sapatada do meio da rua - daquelas que nunca mais achará novamente.

Não é o fim do mundo, porque o saldo gerado em nove vitórias ainda é robusto. E mesmo em casa, perder para um Cruzeiro, que sempre entra pra brigar em cima, não é um resultado que se possa dizer vergonhoso.

Mas é mister que uma derrota em casa não se torne uma rotina.

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TOCO E ME VOY

- A ingratidão do Roger me impressiona. Jogou por aqui e não perde a chance de dar uma cutucada. Se o Corinthians não é "nada de mais", como é que venceu seis seguidas, então? Custa ter um mínimo de respeito?

- Sinto escrever pouco, mas perder me deixa sem inspiração.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sorry, Fogão!

Tenho com o Botafogo uma relação de afeto e raiz.

Bravo (em todos os sentidos) soldado da Força Expedicionária Brasileira nos idos da Segunda Guerra, o velho Florentino, meu avô paterno, era fanático pelo alvinegro da Estrela Solitária. Conta meu pai, um pouco afeito ao futebol que se diz Fluminense, que ele tinha uma camisa autografada por Garrincha.

Uma de minhas grandes amigas cariocas, Luiza Torres, é também apaixonada pelo Fogão. Batemos altos papos sobre futebol, e vira e mexe ela quer me levar ao Engenhão - coincidência ou não, o João Havelange é caminho para a casa da minha avó, que mora em Cascadura, bairro que fica perto de Quintino e Madureira.

Lembro-me também de matéria da Globo de muitos anos atrás que mostrava Sonja, uma menina de 12 anos que estava de gandula em um clássico de seu time contra o Vasco. Um implacável 3 a 0 para o time da Colina fê-la verter um pranto que comoveu alguns dos grandes ídolos de General Severiano. Em 89, ela choraria novamente - mas de felicidade, pelo fim do jejum de 21 anos sem erguer uma taça.

Um filme que nós, alvinegros do lado de cá da Dutra, conhecemos muito bem.

Nessas duas vezes me refleti na pequena torcedora - que hoje deve ter a minha idade. Mesmo não tendo tantas oportunidades de ir ao estádio, também já derramei lágrimas de tristeza e felicidade pelo meu amado Corinthians - uma em 87, quando perdemos o Paulista para o São Paulo, e outra no ano seguinte, quando tivemos a nossa redenção diante de um Guarani tecnicamente superior.

Por isso, tenho muito carinho por este simpático alvinegro - não é porque amo um time que tenho de odiar todos os outros.

Ontem, em São Januário, os dois se encontraram para mais uma rodada. E o Corinthians conquistou importante vitória por 2 a 0, gols de Liedson e Paulinho.

Como se nada bastasse, se Jorge Henrique está do lado de cá, o grande Herrera estava do lado de lá. Como também estão Marcelo Mattos e Fábio Ferreira.

Uma campanha tão irrepreensível assim chega a assustar. São 93% dos pontos conquistados e apenas o Flamengo não perdeu para a gente até agora - em dez jogos disputados.

Parece, por outro lado, que o time ganhou consistência e unidade - as chegadas de Alex e Sheik, a recuperação de Danilo e as boas surpresas Welder e Willian trazem alguma dose de conforto.

Óbvio que em algum momento este time sofrerá reveses. Mas a atitude faz com que descartemos a probabilidade de uma má fase prolongada demais.

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TOCO E ME VOY

- Paulinho tem proposta da Roma. Tite já disse que prefere não perdê-lo. Espero que o Andres não repita a burrada de 2009.

- Ao que parece, o estádio tá virando uma realidade. Não sou a favor de ajuda pública a empreendimentos privados. Mas até onde eu sei, não é investimento a fundo perdido. A grana do BNDES é um EMPRÉSTIMO - portanto, o Corinthians vai devolver. E o incentivo fiscal será compensado com a geração de empregos.

- Que se critique o modelo de geração de negócios brasileiro - fomentado por um banco público - eu entendo e até concordo. Mas que se dêem nome a todos os bois. A imprensa adora pegar no pé do Corinthians pelo menor motivo.

domingo, 10 de julho de 2011

Sem brilho, mas com autoridade

Sem uma atuação brilhante, mas com muita autoridade, o Corinthians conquistou três pontos muito importantes neste domingo. E além do mais espantaram uma incômoda asa-negra, que já tava atravessada havia quase um ano.

O um a zero sobre o Atlético-GO deixa o time ainda uma vitória à frente do segundo colocado. E põe fim ao incômodo das duas derrotas sofridas em 2010. Também tem o mérito de espantar a "zica" do Serra Dourada.

Foi uma atuação discreta, mas bastante convincente. Se não flanou em campo, o Corinthians tomou conta do jogo sem sustos.

Tite acertou na escalação, com Danilo de armador e Alex na ligação do meio com o ataque - o ex-colorado ainda tá fora de ritmo, mas já começa a mostrar as garras. Num passe do ex-são-paulino, Willian driblou Marcio e fez o gol da vitória.

Quando trocou Liedson por Edenílson, achei num primeiro momento que o treinador estivesse com intenção de recuar o time. Mas a troca poderia deixar o meio com mais pegada e faria Alex avançar para compor o ataque. E foi o que aconteceu.

A vitória do Flamengo sobre o Fluminense não nos dá folga. Há pela frente um compromisso difícil contra o Inter no Pacaembu. Não convém dar moleza.

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Hoje dei uma pequena bobeada. Fui assistir ao jogo com amigos e estava a caminho da estação Clínicas com a camisa do Corinthians. Me esqueci do Santos X Palmeiras que aconteceria no Pacaembu.

O policial que estava ali perto alertou: "Camisa errada na hora errada". E ainda me zoou: "Se você encontrar os caras, vou ter de sair na mão com eles e te trazer pra cá. Ou pro hospital, ou pro IML".

Levei na esportiva, e disse a ele: "Nada vai acontecer se eu puser a blusa". No caminho, encontrei um grupo de palmeirenses na Linha Azul.

TOCO E ME VOY

- O fim de semana foi um desastre para os Brasis em geral. O sub-17 no futebol levou uma surra do Uruguai na semifinal e perdeu para a Alemanha na disputa do bronze

- Já o vôlei masculino perdeu para a Rússia na decisão da Liga Mundial: 3 a 2. Mas o time de Bernardinho tem muito crédito.

- E o futebol feminino... protagonizou o segundo maior vexame do esporte brasileiro em todos os tempos. Vencia os EUA por 2 a 1 até os acréscimos da prorrogação e tinha uma jogadora a mais (detalhe: o segundo gol foi irregular). E tomou o gol de empate numa jogada de chuveirinho, em que a goleira Andrea falhou feio. Pra alegria de alemães e americanos, deu EUA nos pênaltis por 4 a 3.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Consolidando o topo

A vitória de virada sobre o Vasco quarta-feira (6) no Pacaembu faz com que o Corinthians permaneça promissor na campanha do Brasileiro. Fazendo o que, a meu ver, é a chave mestra para se ambicionar algo num torneio de pontos corridos: vencer em seus domínios.

Para o multicampeão Muricy Ramalho, é o oposto - a campanha no campo adversário é fundamental. Concordo, mas de nada adianta ir bem fora se a lição de casa não é feita.

Dessa vez, o triunfo se deu de maneira diferente - o time saiu perdendo no gol do estreante Juninho, chamado O Pernambucano. E logo aos dois do primeiro tempo. Tido como um dos grandes cobradores de falta entre tantos, dessa vez ele pareceu matreiro. Venceu a barreira, contou com o tal morrinho sobrenatural - Julio Cesar, tão bem nos últimos jogos, dessa vez falhou - mas o lance tá longe de ser um frango.

A virada aconteceu ainda na etapa inicial, e quem deu conta do resultado foram os volantes: Ralf aos 22 e Paulinho aos 42.

Assim, o Corinthians permanece 100% em casa e faz uma bela campanha nos primeiros sete jogos: seis vitórias e um empate. `

Se não é o técnico ideal, Tite pareceu fechar o grupo - o que parece determinante para esse bom início. Nas comemorações de gols, os jogadores comemoram sempre juntos. Parece um detalhe irrelevante, mas se qualidade de elenco é essencial nesse sistema de disputa, união não é simplesmente um detalhe.

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TOCO E ME VOY

- Não gosto muito desse negócio de rotular o time como "guerreiro". Claro que é muito melhor ver um Corinthians com vontade de vencer. Mas dá a entender que se trata de um time exclusivamente de operários. Exaltar a qualidade técnica de jogadores como Liédson, Sheik, Willian e Alex também é importante.

- EM OFF: a seleção de Bernardinho é novamente espetacular. Empreendeu uma virada espetacular contra os ótimos garotos de Cuba (é impressionante a força física desses rapazes) e levou a melhor na "negra" definitiva contra os Estados Unidos. Nesta partida, os brasileiros estiveram irreconhecíveis e tomaram dez pontos na cara. Mas viraram o jogo e, no quarto set, devolveram os 25 a 15 sofridos no começo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Falando de carnaval

Mais uma vez não tivemos Corinthians neste fim de semana. É sempre um convite à orfandade.

Mas não significa que não tenhamos assunto. Mas, dessa vez, rompemos o meio-campo entre o futebol e o carnaval.

O ex-presidente Lula será o tema da Gaviões para 2012.

Em nota, a agremiação sustenta que não fará proselitismo político, mas apenas homenagear o povo brasileiro através da história de vida de Luis Inácio.

Num primeiro momento, a ideia não me agrada. Mas corre aqui e ali que a literatura de cordel pode servir como pano de fundo. Se assim for, pode ser bacana. Não se pode esquecer que a Gaviões via de regra traz enredos muito interessantes - só destoou mesmo em 2006, quando praticamente reeditou "O homem nasceu para voar", de 1990, que foi o primeiro desfile da escola na elite, e 2011, que fez bom desfile, mas a homenagem a Dubai não conseguiu escapar ao lugar-comum.

Outro fator animador é o time de carnavalescos com que a escola conta, que é muito competente: Delmo de Moraes, Fábio Lima e Igor Carneiro.

O desafio da trinca é fazer a Gaviões voltar a ter excelência em alegorias - a escola foi muito penalizada no quesito este ano.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

No sufoco, mas "tamo" na ponta

Eis que tomamos a ponta do campeonato.

Com um jogo a menos, derrotamos o Bahia fora de casa e contamos com a derrota do São Paulo em casa para o Botafogo.

O resultado deve ser comemorado, porque muita gente vai tropeçar lá - esse time do Bahia, mesmo desfalcado, é muito guerreiro e bem arrumado. Com Jobson e Carlos Alberto, fica ainda mais perigoso.

O segundo tempo, no entanto, é pra botar um pé atrás. Não pela pressão dos anfitriões, que era mais do que esperada. Mas pela ainda incipiente saída de contra-ataque.

Em jogos assim, será fundamental a rapidez para desprevenir o adversário. E o time tem características pra isso - conta com dois avantes rápidos e um meia-atacante que acompanha o ritmo.

Alex entrou no segundo tempo para se contrapor à cadência de Danilo. Mas ainda não está na forma ideal e taticamente ainda não se achou - esteve enfiado demais. Coisa da estreia.

E no setor ofensivo há um banco à altura dos titulares. Emerson Sheik ainda não balançou a rede, mas já mostrou que sabe das coisas.

Lá atrás, a defesa menos vazada do campeonato deu lá os seus sustos. Pareceu um tanto vulnerável nas escapadas pelas pontas e nas jogadas aéreas - só não tomou o empate porque houve impedimento na jogada que Fahel concluiu.

Sei que não vai dar pra mitar em todos os jogos, mas é preciso um pouco mais de serenidade na hora de suportar a pressão.
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TOCO E ME VOY

- Mais uma vez Julio Cesar fez ótima partida. A concorrência de Renan tem feito bem a ele.

- Ironia fora de hora no Arena Sportv. Bob Faria disse a Paulo Julio Clement que Sandro Meira Ricci sempre apita bem em jogos do Corinthians. "Nem sempre", respondeu o outro. Eles se referiram ao polêmico pênalti de 2010 diante do Cruzeiro no Pacaembu - que foi claríssimo.

- Apesar do sufoco, começo a achar esse elenco cada vez mais consistente. Tite tem inegáveis méritos ao trazer o grupo pra si. Mas ainda não me inspira confiança.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Cinco vezes; com juros

Corria o ano de 93. Numa das arquibancadas do Morumbi, eu assistia ao Corinthians enfrentar mais uma vez o espetacular São Paulo de Raí, Telê e companhia - e a gente não ganhava deles de jeito nenhum. Aproveitando o domínio forjado no primeiro tempo, Válber fazia 1 a 0.

No segundo, o Corinthians passou a pressionar, e Paulo Sergio empataria a partida - se inexplicavelmente o bandeira Rogério Idealli não anulasse o tento, inventando uma fantasmagórica saída de bola. Minutos depois, André Luiz fecharia o placar para os tricolores. A injustíssima derrota tivera um sabor ainda mais amargo pelo cântico cara-de-pau da torcida contrária:

"Um, dois, três! O Corinthians é freguês!"

O tempo é senhor da razão.

Coisa de uma década depois, experimentaríamos mais um período fatídico sem vencer os caras. A estiagem duraria de 2003 a 2007 - com direito a um humilhante 5 a 1 no Pacaembu, logo após estranha eliminação na Copa do Brasil. Os dois resultados causaram a demissão de Daniel Passarella - justiça seja feita, o treinador dera algum padrão de jogo, mas esbarrou na falta de tato diante de tanta cobra criada. Acabaria o jejum no tenebroso 2007, em emblemático gol de Betão.

A freguesia mudava de lado - mas aquela goleada ainda atravessava a garganta. Até que o deus da bola resolveu vestir a camisa do São Paulo. O jejum fora quebrado com direito a centésimo gol de Rogério - um habilidoso na saída de bola, mas, queiram os são-paulinos ou não, um goleiro superestimado. Ele se aproveitou da imprudência de Ralf e balançou a rede de Julio Cesar.

Mas o Sobrenatural de Almeida gosta de vestir camisas sofredoras de vez em quando. E dessa vez ele integrou o bando de loucos. Paulo Cesar Carpegiani se ressentiu de sete jogadores e reuniu um grupo de inexperientes para um clássico dentro dos domínios alvinegros. A (justa) expulsão de Carlinhos Paraíba pôs tudo a perder.

A porteira se abriu da maneira mais desoladora. Um golaço de Danilo, uma chuva de Liedson, que também fez lá as suas pinturas, e o chute de Jorge Henrique que resultou num frangaço de Rogério.

E não adianta justificar com desfalques e o um a menos. Num campeonato de pontos corridos, ter um elenco equilibrado é fundamental; e no Brasileiro de 2006 o Corinthians de Leão enfrentou o São Paulo com dois a menos a maior parte do jogo - e não fosse Rafael Moura falhar numa finalização fatal, poderíamos até ter vencido.

Alma mais limpa do que isso, impossível.

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TOCO E ME VOY

- Por mais que eu considere o Palmeiras nosso maior antagonista, eu não ficaria tão feliz assim se a goleada fosse sobre eles.

- O Santos merece os parabéns pela conquista da Libertadores. Não se revela dois craques na mesma geração sem um bom trabalho de base - e isso nos serve de lição. Mas há uma fixação santista em jogar tudo na cara do Corinthians. Os torcedores fizeram bandeirão para relembrar a queda de 2007 ("Em segundo, algumas vezes. Na segunda, jamais") e levaram uma camisa do Tolima para a decisão contra o Peñarol. Chega a ser doentio.

- Se não é o time dos sonhos, o Corinthians parece estar formando um grupo bastante interessante. Ainda falta um lateral-esquerda, e Ralf ainda carece de um reserva à altura; mas há muita qualidade do meio pra frente. Se não é o meia ideal, Danilo vem fazendo boas partidas.

- No ataque, Tite terá "problemas" quando Adriano se recuperar. Willian, Emerson e Liedson formam um quarteto de muito respeito - e até Jorge Henrique tem se recuperado.


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pra desbaratar uma falácia

Fim de semana sem jogo do Corinthians é a coisa mais sem-graça que existe. E isso só completou o nada alegre quadro do meu fim de semana. Que fique como lembrança na parede.

Mas nessa entressafra forçada, eu queria refletir sobre um rótulo que se colou sobre a identidade tanto do torcedor quanto da história corintiana: o mito segundo o qual a técnica não é tão importante assim e o que vale, mesmo, é a raça.

Pura falácia. Se assim fosse, o Corinthians não seria a potência que é hoje - ainda que, nas palavras de um insuspeito são-paulino, seja um Boeing pilotado por comandantes de teco-teco.

Gostamos, sim, de craques. Tanto é verdade que nove entre dez dos nossos maiores ídolos são atletas de inconteste capacidade técnica. Neco fora artilheiro da campanha vitoriosa da seleção brasileira no Sul-Americano de 1919. Outro goleador nato, Teleco fora espantoso: marcara 251 gols em 246 jogos, média superior a 1,02 gol por partida - nem mesmo Pelé, com 0,93, conseguiu o mesmo.

Maior artilheiro da história corintiana, Cláudio Christovam do Pinho tinha o apelido de "gerente" - não só por ajudar os colegas a jogar sob melhores condições de trabalho, mas pelo trato com a pequena dentro de campo. E o Pequeno Polegar Luis Trochillo se notabilizou por uma suposta estripulia diante do marcador argentino Luiz Villa, do Palmeiras - teria sentado na bola na frente dele. Décadas depois, Carbone desmentiria o mito: "Ele não sentou; tropeçou e caiu".

Azar da realidade. Eu prefiro a primeira versão.

Gylmar dos Santos Neves era o fino do gol. Dizem os viventes de seu tempo que não fazia espalhafato - tinha notável senso de colocação e por isso pouco se passava. Depois de um frango, sacudia a poeira e dizia: "Agora não passa mais nada". Dito e feito.

Torcesse o destino por alguém, seria o Juventus. Porque, de não fazer Rivelino campeão pelo Corinthians, aprontou lá boa dose de molecagem. Fora pego pra cristo na fatídica derrota no Paulista de 74 para o Palmeiras, que resultou em selvageria e quebra-quebra nos arredores do Morumbi.

E como não se lembrar de Palhinha e Sócrates, verdadeiros artistas e artífices? O Doutor certa vez desmontou a aura de determinar o ritmo da torcida. "Eu queria que eles pressionassem o time certo: o adversário". Longe de conduzir, o craque reverenciava a primazia única da Fiel. "As outras torcidas torcem. A do Corinthians joga junto".

Neto é o meu primeiro ídolo. Lembro-me de agonizar nas quartas-de-final contra o timaço do Atlético-MG, cujo primeiro jogo aconteceria no Pacaembu. E eu estava do lado de lá do rádio, preso ao inesquecível Fiori Gigliotti. Até os 36 do segundo tempo, o Galo tava na frente. E Neto virou o jogo em menos de dez minutos. Craque de um time pouco iluminado, fora fundamental na conquista do primeiro título brasileiro.

Da mesma forma, houve grandes expoentes na vitoriosa campanha do bi brasileiro e na conquista do mundo (sim, queiram os detratores ou não, somos campeões mundiais). Marcelinho, Edílson e Rincón mereciam destaque naquele time.

O Capetinha, aliás, lavou a alma corintiana ao disparar embaixadinhas diante de estupefatos palmeirenses na final do Paulista de 99, poucas semanas depois de o Corinthians perder nos pênaltis a Libertadores - para o mesmo rival. Se não aliviou a dor, ao menos acendeu o lampejo do Pequeno Polegar. Só que, ao contrário do argentino Villa, que mal se incomodava, os verdes partiram para o sai-na-mão.

É claro que muitos que a história corintiana abraçou não eram exatamente craques - casos de Baltazar cabecinha de ouro, Biro-Biro, Super Zé Maria e um inesquecível João Roberto Libertador - O Basílio eterno que, na premonição de Oswaldo Brandão, marcaria o gol que daria fim a décadas de fome. Eles são, no entanto, o elemento de união do craque corintiano ideal: aquele que une talento ao espírito guerreiro - Carlos Tevez, protagonista do brasileiro de 2005, é a personificação mais visível dessa característica.

O gosto pela incessante busca à vitória não significa que damos de ombros para o talento. Somos, isso sim, muito mais exigentes.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lição de casa

Mais uma efeméride envolve o Corinthians na rodada de ontem. Depois do centésimo gol de Rogério Ceni e a despedida de Petkovic, Abel Braga reestreou pelo Fluminense.

O atual campeão brasileiro, no entanto, não conseguiu quebrar o tabu que perdura por sete anos. Em tarde inspirada de Willian, o Timão venceu por 2 a 0. Um de cabeça, aproveitando cruzamento de Danilo, e outro de pênalti sofrido por Liedson.

Com três gols, o atleta vindo do Figueirense já desponta como um "problema" a mais para Tite lá na frente. Neste momento ele é absoluto, já que Liedson precisa acertar o fuso, Emerson Sheik ainda está fora de forma e Adriano vai curtindo o estaleiro.

É pois um quadro bem diferente daquele do Paulista, quando o ataque era uma carência de respeito no elenco - Jorge Henrique vive péssima fase e Dentinho era subjetivo demais com suas pedaladas que não andavam.

É preciso desde já fazer justiça a um jogador muito criticado. Julio Cesar fez defesas importantes lances capitais da partida. Ainda que bastante desorganizado fora de campo - ao que parece, mais até do que o Corinthians - o Flu ainda tem um belo elenco.

A terceira vitória em quatro jogos dá uma boa pontuação num primeiro momento de Brasileiro que se configurava dos mais complicados.

O problema é que o Corinthians costuma às vezes ser instável a ponto de perder pontos bobos contra times pequenos - só pra ter uma ideia, no ano passado não vencemos o Ceará.

E ser freguês do Atlético-GO foi doído demais.

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TOCO E ME VOY

- No Troca de Passes de ontem, André Rizek classificou o time do Corinthians como "comum", mas o elenco é equilibrado - segundo ele, como o "onze" não é brilhante, os reservas não fazem o time decair tanto. Concordo em partes. "Comum" ainda é um termo elogioso demais para este time.

- Será que a sombra do Renan fez bem a Julio Cesar? É o que tá parecendo.

- O Santos pediu o adiamento do clássico por causa da decisão da Libertadores. Assim, não precisaria mandar a campo o time reserva. Por isso, o Timão vai ficar fora de combate por duas semanas. Isso é muito ruim, porque o time perde ritmo de jogo - e boleiro gosta mesmo é de jogar.

- E a volta é justamente outro clássico - contra o São Paulo, um jogo que provavelmente valerá uma posição importante na tabela. Não sei se o Corinthians deveria aceitar isso.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Poderia ter vencido

Dessa vez, deus dos destinos não conspirou contra nós. Fora cruel quando fez o tabu contra o São Paulo se romper com direito ao tal centésimo gol de Rogério Ceni. Mas, pelo menos, não fez da despedida de Dejan Petkovic uma glória nas costas do Corinthians.

O tal clássico das multidões fez jus a sua grandeza - ao menos no primeiro tempo, a partida se mostrou bem movimentada. William e Liedson mostram ser uma dupla de ataque muito interessante, mostrando muita velocidade e precisão. No primeiro grande lance de perigo, Levezinho deu dois tiros ao gol. Mas consagrou Felipe (aquele).

O Flamengo levava perigo principalmente em descidas pelo lado esquerdo. Pet e Ronaldinho tramavam momentos de perigo que assustavam Julio Cesar. Aliás, justiça seja feita, o arqueiro corintiano fez bela partida - talvez porque a partida, ainda na terceira rodada do Brasileiro, não tinha um caráter exatamente decisivo (me arrumem um copo d'água que o veneno correu solto aqui. hehehe).

A boa surpresa do dia foi Welder. O substituto de Alessandro mostrou personalidade na estreia e deu o passe para o gol que abriu o placar - recebeu, passou lépido pelo marcador e cruzou para Willian, qual flecha, aparecesse entre o defensor e o goleiro para fazer 1 a 0.

Mas aqui, um sobrenatural, travesso como um saci, resolveu apimentar a contenda. Da intermediária, Renato Abreu se ungiu de inspiração quintiniana e acertou uma bela cobrança de falta no canto esquerdo de Julio Cesar.

Pela boa atuação da primeira etapa, esperava-se a busca pela vitória no segundo tempo. Só que o time recuou demais e permitiu que os donos da casa chegassem mais. A sorte é que, bem apresentado no papel e sem Thiago Neves, o Flamengo não faz valer a qualidade na prática.

Ao fazer as substituições, Tite deixou o time ainda mais acanhado. Liedson sentiu uma pancada e pediu pra sair. Mas, quando se esperava a entrada de Emerson, o treinador colocou o volante Edenilson. Depois trocou Danilo por Morais, o que fez cair a qualidade do passe no meio. E quando enfim o Sheik entrou (me pareceu fora de forma), era para substituir Jorge Henrique.

No final, o Corinthians pareceu não ter forças - ou vontade - para manter os 100% de aproveitamento. Deixou-se empatar por uma partida em que poderia ter triunfado. Dois pontos que, no final, podem fazer falta.

TOCO E ME VOY

- Tite afirmou que não pediu Renan e deixou registrada sua preferência por Julio Cesar. Claro que isso é jogar pros boleiros e não se queimar. Mas bem que isso poderia ficar guardado para os bastidores.

- Tão incensado pela imprensa, o Cruzeiro tem decepcionado nesse começo de campeonato. Dos nove pontos disputados, fez apenas um. Tá certo que é cedo, mas ao que parece a Celeste das Gerais não é exatamente um bicho de sete cabeças.

- Apesar da goleada que os reservas tomaram ontem, é bom não subestimar o Vasco. A jovem dupla Bernardo/ Elton parece ser bastante promissora.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Devagar, devagarinho

Meio que parafraseando Martinho da Vila, honrado cruzmaltino, é devagar, devagarinho que o Corinthians anota mais uma vitória.

E por que digo isso? Porque um elenco ainda carente de valores compatíveis, mesmo que aos tropeções, consegue angariar cem por cento de aproveitamento.

Num campeonato de pontos corridos, isso também é importante. E, confesso, esperava um pouco menos do que isso no raiar da segunda rodada.

Triunfo que, ao que parece não, fez valer as bênçãos do uniforme. Grená por homenagear o belíssimo time do Torino dos anos 40 tragicamente vitimado por um desastre aéreo em 1949 e com uma imagem estilizada de São Jorge, a camisa simboliza a união de talento e raça tão caras à história corintiana.

Paulinho e Danilo garantiram três preciosos pontos. O gol do volante foi alvo de muita reclamação dos paranaenses, que alegam tê-lo visto ajeitar a bola com o braço antes de bater.

Mas não têm os coxas muito do que reclamar da arbitragem. Ainda no primeiro tempo, Ricardo Marques Ribeiro deixou de marcar pênalti claro no mesmo Paulinho. E o gol do Coxa foi irregular, pois Leonardo estava impedido.

Garantir uma boa posição com uma equipe ainda sem os reforços é um ponto positivo. O que me preocupa é o comando. Tite deixa a desejar principalmente nas substituições - e ontem não foi diferente.

TOCO E ME VOY

- Não compartilho com a pegação no pé do Danilo. O time anda carente de meias e ele, se às vezes cadencia mais o jogo, dá ao meio uma precisão de passes que Ralf, Paulinho, Ramirez e Morais não têm

- Lamentável a atitude da meia dúzia que invadiu o campo ontem. Além de formalizar um protesto descabido contra o terceiro uniforme, que não elimina as tradições alvinegras, pode fazer o time perder mais um mando de campo.

domingo, 22 de maio de 2011

O baiano mais rápido do oeste

É impressionante a velocidade do Liedson.

Já foi assim na sua primeira passagem pelo Corinthians. Quando o beque pensou em dar o combate, a bola já morreu no fundo da rede dele. Eram costumeiros os gols oriundos de escanteios batidos a meia altura na primeira trave.

Nesse vale a pena ver de novo, ele mostrara as credenciais nos dois gols marcados contra o Ituano no Pacaembu. Depois de alguma secura, agravada pela mistura de má-fase e, vá lá, limitação dos seus pares de ofensividade, sumiu na final do Paulista.

E aí, ainda recolhendo os cacos do vice-campeonato - tá, o Paulista já não é mais aquele, mas ficar pelo caminho é sempre desolador - Liedson ainda experimentava o ostracismo na estreia contra o Grêmio. Aí, numa rara concessão da forte marcação tricolor, achou um drible e um pênalti. Chicão converteu, mas quase me matou de susto, porque Victor acertou o canto.

O baiano mais rápido do oeste baixou o sal-grosso e deu fim à uruca com a precisão que lhe é contumaz. No meio de dois defensores gremistas, esticou a perna no instante exato e fez o Timão ganhar da melhor maneira possível: de virada.

Óquei, o time em si continua uma lástima - o pavoroso primeiro tempo mostrou isso. Mas ainda assim é um resultado a ser bastante aplaudido, porque conquistar pontos fora de casa faz a diferença num campeonato de pontos corridos. E, ainda que o Grêmio não viva um momento dos mais felizes, vencer no Olímpico é especialmente difícil - e os números provam isso. Esta é apenas a décima vitória corintiana no estádio azul em 37 jogos ao longo da história. Os donos da casa nos bateram outras 19 vezes.

TOCO E ME VOY

- É impressão minha ou a entrada do Danilo deu uma melhorada no time? Se assim for, não é bom negócio dispensá-lo. Porque não adianta nada trazer o Alex e não ter peça de reposição pra quando ele se machucar.

- Aliás, ele e Emerson foram boas aquisições. Mas ainda acho que faltam um lateral e um volante pra deixar o elenco um pouco mais robusto.

- Até mesmo o equilibradíssimo Adenor de vez em quando perde o rebolado em campo. Já esbravejou contra o Felipão na semi do Paulista ("Fala muito") e reclamou da falta de fair-play do ex-time no fim do jogo ("Vai ter volta").


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Como é bom ganhar "deles"

Clássico com a cara da rivalidade. Pegado, brigado e sofrido. Se plasticamente não fez jus a quase um século de história, ao menos o fez na dose de dramaticidade.

O Palmeiras entrou em campo com os nervos à flor da pele. Protestara contra a indicação do árbitro, Paulo Cesar de Oliveira, até onde pôde. E Kleber tanto fez que tomou amarelo logo de cara.

O Corinthians parecia ganhar o duelo psicológico não entrando na pilha. Numa bola dividida, Danilo entrou com duas solas pra cima de Liedson. Queiram os palmeirenses - e os comentaristas da Globo - ou não, foi muito bem expulso.

Do lado de fora, Felipão ainda reclamava de PC. E Tite, de Felipão. O gaúcho do lado de lá fez gesto de roubo e também foi posto pra fora com correção. Pra piorar, num lance típico de "piores momentos", Valdívia fez graça e pagou pela cara. Chutou o ar e ganhou uma contusão. Praga de corintiano? Talvez!

Só que o limitadíssimo time do Corinthians não soube aproveitar a vantagem numérica. Começou o segundo tempo contemporizando e foi atropelado pelo ímpeto palmeirense. Os 95% inflamaram, e o time entusiasmou. E a inteligência de não cair na provocação do primeiro tempo se esvaiu na incapacidade de suportar a pressão - que um time grande e experimentado não deve ter. Leandro Amaro fez 1 a 0 em escanteio cobrado na primeira trave. Julio Cesar falhou!

Aos trancos e barrancos, o time chegou ao empate, mais ou menos do mesmo jeito. Willian cabeceia em cobrança de escanteio e o mesmo Leandro Amaro tenta tirar... mas a bola já havia entrado.

E aí, repete-se o cenário de onze anos atrás: famigerada disputa de pênaltis de triste lembrança. Mas se é o fantasma do passado que deve ser exorcizado, que assim seja.

Julio Cesar e Deola usaram uma característica em comum: escolhem o canto antes da batida. Por isso, erraram a maioria de suas apostas. Todos os batedores acertaram suas cobranças. Até que, nas alternadas, João Vítor perdeu. E Ramírez sacramentou a passagem para a final.

Apesar de toda a limitação e a péssima atuação do time, vencer foi saboroso. Porque derrotamos um Palmeiras guerreiro e mais afim de jogo e, se não espanta o fantasma de 99 e 2000 ao menos alivia um pouco o trauma.

E ganhar "deles" é mesmo beeem mais gostoso.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Os dois lados da vitória

Que diferença faz um grande centroavante...

A prova disso veio na goleada de ontem sobre o Ituano. Ainda indignado com a saída na Libertadores, não vi os gols de Ramirez e Chicão.

Mas não consegui manter o jejum na íntegra, e fui inesperadamente premiado pela sagacidade qualificada de Liedson.

No terceiro gol, recebeu passe de Morais, ajeitou com a perna direita e rapidamente definiu com a esquerda.

É gol de quem sabe.

No quarto, aproveitou rebote do defensor e bateu de primeira.

O baiano-brasileiro-português desde já apresentou as suas credenciais.

Se por um lado é auspicioso encontrar um artilheiro, por outro a série de vitórias após o vexame na Libertadores prejudica por insinuar uma nova máscara a tudo o que está errado: o péssimo planejamento de ano, um elenco frágil e um treinador sem gabarito para dirigir o time à altura do Corinthians.

Isso só pra ficar na ponta do iceberg.

Não adianta desdenhar conquistas, subestimar o Tolima e dizer "vivo de Corinthians". Continuaremos torcedores incondicionais, mas queremos vencer, sim.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Corinthians se apequenou

Triste trajetória. Vem da vergonhosa eliminação no Paulista. Passou pela eliminação da Libertadores pelo Flamengo, a troca de Mano por Adílson, a derrota para o Atlético de Goiás, a chegada de Tite e o vexatório final de Brasileiro. De candidato ao título a um terceiro lugar que culminou com a tal preliminar. Não sei se definitivo, mas o papelão de ontem foi só o cume de um triste processo. A verdade é que o Corinthians parece estar se apequenando.

Sinais desta praga vêm de 2009, quando a diretoria se desfez não de um jogador, mas da base de sustentação de uma equipe vencedora. André Santos quis sair, mas Cristian e Douglas foram praticamente enxotados do Parque São Jorge. E o que deveria ser a redenção de um clube que sobreviveu ao rebaixamento se tornou um desrespeito com o seu torcedor: deu de ombros para o Brasileiro, porque "a meta do ano já estava cumprida".

No ano do Centenário, os sussurros de "centernada" dos rivais viraram coro. Quando me declarei envergonhado por perder o Paulista para Santo André e Grêmio sei lá de onde, provoquei boa dose de polêmica. Aí, um Flamengo em frangalhos - sem técnico e com um elenco pra lá de contestado, nos varreu da Libertadores. A boa campanha no Brasileiro acendeu uma fagulha de esperança. É esse o nosso lugar: brigando para vencer.

Mas tudo começou a desandar com a troca de Mano por Adílson. Sabe-se lá como, o time perdeu o norte. Perdeu para o Atlético-MG de virada e sofreu uma humilhante derrota para o xará do centro-oeste - em casa. O ex-zagueiro caiu inexplicavelmente... e veio Tite, uma versão piorada de Mano Menezes.

O vexame não podia ser maior. Terminou as últimas rodadas do Brasileiro vestido de inacreditável apatia. Viu pontos preciosos escorrerem pelas mãos em empates contra o Vitória e os juvenis do Goiás. Com a vitória do Cruzeiro sobre o Palmeiras, o candidato ao título não ficou nem com o vice-campeonato. Seria obrigado a jogar uma preliminar para poder disputar a Libertadores.

De lá pra cá, nada de promissor foi feito. Claramente sem gabarito para dirigir um Corinthians, Tite permaneceu. Nem a clara necessidade de grandes jogadores fez os cartolas se empenhar na vinda de reforços de peso. Fomos com o que tínhamos contra o Tolima. Ora, não poderia ser tão difícil passar.

E mais uma vez a falta de espírito invadiu um elenco ainda mais limitado com a ida de Elias para o Atlético de Madri. Tite faz lambança atrás de lambança, arma e substitui mal... e o time desabou mais uma vez.

Todos têm culpa: os jogadores, que parecem não saber onde estão jogando; o técnico, que saca a única vida inteligente do meio-campo para por um volante e improvisar no meio um atacante sem característica de meia; o peruano recém contratado, que com a expulsão enterrou qualquer chance de reação; a diretoria, que deu um banho de incompetência de fazer inveja a clube de várzea; e o mais triste de tudo: boa parte da torcida, que, cooptada, disse amém a tudo. Mais grave do que isso, ataca quem se atreve a criticar.

Desprovidos do espírito guerreiro que tomou conta até mesmo do catadão de 2007, quem somos nós para apontar o dedo para o Palmeiras e chamá-lo de "Portuguesa da Turiassu"? Se sofrem de desorganização crônica, nossos rivais pelo menos tentam movimentos de grandeza: elegem a presidente um respeitado economista, estão em vias de construir um estádio moderno - que é muito mais realidade do que o nosso tão sonhado Itaquerão, e tentam segurar os seus mais valorosos jogadores.

Onde está o faturamento mais valoroso do Brasil? De que adianta vestir um macacão de Fórmula 1 se isso não se traduz em contrapartida decente? Ora, não vivemos de título, não é? Enquanto vivermos uma mentalidade tão podre, vamos sempre conviver com fracassos retumbantes.

Vou te contar... o rebaixamento foi menos vergonhoso do que a eliminação de ontem.