quarta-feira, 11 de março de 2009

Conjunção de Fenômenos

Não vi.

Estive longe, nas proximidades de Embu, cumprindo uma jornada espiritual.

Antes do fechamento desta, uns amigos ouviam o jogo. O primeiro tempo ficou no zero.

Alguns minutos depois, um deles se viu na obrigação de me noticiar que o Palmeiras estava na frente. Diego Souza.

E, ao que parecia, o time estava prestes a sucumbir, dominado que era.

Não vi. Mas ouvi.

Quando o encerramento iria começar, gritos e estrondos. Algo vindo da minha intuição me dizia que o Corinthians havia empatado.

Já arrumando as malas para a volta pra casa, soube que meu sexto sentido não falhara.

Não vi. Mas ouvi. E senti.

Alguém me sussurrou: "Gol do Ronaldo". E depois, vieram detalhes consagradores. Foi de cabeça. E aos 47 do segundo tempo.

Logo imaginei o Fenômeno sendo reverenciado por todo o elenco. Como se tivesse feito o seu milésimo gol.

Era apenas o primeiro.

Mas foi melhor do que eu imaginei. Ronaldo fora abraçado por time, torcida, imprensa... e até mesmo torcedores de outros times. Paulo Vinícius Coelho, de quem sou fã, dissera depois que viu a história acontecer diante de si.

"Senhoras e senhores, o Fenômeno voltou", disse o genial Milt0n Leite antes de gritar gol. Já Reinaldo Costa, da Eldorado, parafraseou Osmar Santos: "Gol do povo".

Quando ele entrou, aos 29 do segundo tempo, o sol escaldava e o Corinthians perdia.

Então, os astros terminavam a sua conjunção.

Em curtos espaço e tempo, ele fez jus à alcunha de Fenômeno. Girou, cruzou, chutou de fora e acertou a trave.

E fez gol.

De cabeça - justamente o seu ponto fraco.

E contra o maior e mais respeitável dos rivais.

Pareceu uma conjunção de astros. Só uma eterna fênix como o Corinthians para possibilitar o enésimo renascimento de um mito.
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Três dias depois, ele estreava na capital. Jogou até os trinta do segundo tempo.

E fez o tento da vitória contra o São Caetano.