segunda-feira, 30 de maio de 2011

Devagar, devagarinho

Meio que parafraseando Martinho da Vila, honrado cruzmaltino, é devagar, devagarinho que o Corinthians anota mais uma vitória.

E por que digo isso? Porque um elenco ainda carente de valores compatíveis, mesmo que aos tropeções, consegue angariar cem por cento de aproveitamento.

Num campeonato de pontos corridos, isso também é importante. E, confesso, esperava um pouco menos do que isso no raiar da segunda rodada.

Triunfo que, ao que parece não, fez valer as bênçãos do uniforme. Grená por homenagear o belíssimo time do Torino dos anos 40 tragicamente vitimado por um desastre aéreo em 1949 e com uma imagem estilizada de São Jorge, a camisa simboliza a união de talento e raça tão caras à história corintiana.

Paulinho e Danilo garantiram três preciosos pontos. O gol do volante foi alvo de muita reclamação dos paranaenses, que alegam tê-lo visto ajeitar a bola com o braço antes de bater.

Mas não têm os coxas muito do que reclamar da arbitragem. Ainda no primeiro tempo, Ricardo Marques Ribeiro deixou de marcar pênalti claro no mesmo Paulinho. E o gol do Coxa foi irregular, pois Leonardo estava impedido.

Garantir uma boa posição com uma equipe ainda sem os reforços é um ponto positivo. O que me preocupa é o comando. Tite deixa a desejar principalmente nas substituições - e ontem não foi diferente.

TOCO E ME VOY

- Não compartilho com a pegação no pé do Danilo. O time anda carente de meias e ele, se às vezes cadencia mais o jogo, dá ao meio uma precisão de passes que Ralf, Paulinho, Ramirez e Morais não têm

- Lamentável a atitude da meia dúzia que invadiu o campo ontem. Além de formalizar um protesto descabido contra o terceiro uniforme, que não elimina as tradições alvinegras, pode fazer o time perder mais um mando de campo.

domingo, 22 de maio de 2011

O baiano mais rápido do oeste

É impressionante a velocidade do Liedson.

Já foi assim na sua primeira passagem pelo Corinthians. Quando o beque pensou em dar o combate, a bola já morreu no fundo da rede dele. Eram costumeiros os gols oriundos de escanteios batidos a meia altura na primeira trave.

Nesse vale a pena ver de novo, ele mostrara as credenciais nos dois gols marcados contra o Ituano no Pacaembu. Depois de alguma secura, agravada pela mistura de má-fase e, vá lá, limitação dos seus pares de ofensividade, sumiu na final do Paulista.

E aí, ainda recolhendo os cacos do vice-campeonato - tá, o Paulista já não é mais aquele, mas ficar pelo caminho é sempre desolador - Liedson ainda experimentava o ostracismo na estreia contra o Grêmio. Aí, numa rara concessão da forte marcação tricolor, achou um drible e um pênalti. Chicão converteu, mas quase me matou de susto, porque Victor acertou o canto.

O baiano mais rápido do oeste baixou o sal-grosso e deu fim à uruca com a precisão que lhe é contumaz. No meio de dois defensores gremistas, esticou a perna no instante exato e fez o Timão ganhar da melhor maneira possível: de virada.

Óquei, o time em si continua uma lástima - o pavoroso primeiro tempo mostrou isso. Mas ainda assim é um resultado a ser bastante aplaudido, porque conquistar pontos fora de casa faz a diferença num campeonato de pontos corridos. E, ainda que o Grêmio não viva um momento dos mais felizes, vencer no Olímpico é especialmente difícil - e os números provam isso. Esta é apenas a décima vitória corintiana no estádio azul em 37 jogos ao longo da história. Os donos da casa nos bateram outras 19 vezes.

TOCO E ME VOY

- É impressão minha ou a entrada do Danilo deu uma melhorada no time? Se assim for, não é bom negócio dispensá-lo. Porque não adianta nada trazer o Alex e não ter peça de reposição pra quando ele se machucar.

- Aliás, ele e Emerson foram boas aquisições. Mas ainda acho que faltam um lateral e um volante pra deixar o elenco um pouco mais robusto.

- Até mesmo o equilibradíssimo Adenor de vez em quando perde o rebolado em campo. Já esbravejou contra o Felipão na semi do Paulista ("Fala muito") e reclamou da falta de fair-play do ex-time no fim do jogo ("Vai ter volta").


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Como é bom ganhar "deles"

Clássico com a cara da rivalidade. Pegado, brigado e sofrido. Se plasticamente não fez jus a quase um século de história, ao menos o fez na dose de dramaticidade.

O Palmeiras entrou em campo com os nervos à flor da pele. Protestara contra a indicação do árbitro, Paulo Cesar de Oliveira, até onde pôde. E Kleber tanto fez que tomou amarelo logo de cara.

O Corinthians parecia ganhar o duelo psicológico não entrando na pilha. Numa bola dividida, Danilo entrou com duas solas pra cima de Liedson. Queiram os palmeirenses - e os comentaristas da Globo - ou não, foi muito bem expulso.

Do lado de fora, Felipão ainda reclamava de PC. E Tite, de Felipão. O gaúcho do lado de lá fez gesto de roubo e também foi posto pra fora com correção. Pra piorar, num lance típico de "piores momentos", Valdívia fez graça e pagou pela cara. Chutou o ar e ganhou uma contusão. Praga de corintiano? Talvez!

Só que o limitadíssimo time do Corinthians não soube aproveitar a vantagem numérica. Começou o segundo tempo contemporizando e foi atropelado pelo ímpeto palmeirense. Os 95% inflamaram, e o time entusiasmou. E a inteligência de não cair na provocação do primeiro tempo se esvaiu na incapacidade de suportar a pressão - que um time grande e experimentado não deve ter. Leandro Amaro fez 1 a 0 em escanteio cobrado na primeira trave. Julio Cesar falhou!

Aos trancos e barrancos, o time chegou ao empate, mais ou menos do mesmo jeito. Willian cabeceia em cobrança de escanteio e o mesmo Leandro Amaro tenta tirar... mas a bola já havia entrado.

E aí, repete-se o cenário de onze anos atrás: famigerada disputa de pênaltis de triste lembrança. Mas se é o fantasma do passado que deve ser exorcizado, que assim seja.

Julio Cesar e Deola usaram uma característica em comum: escolhem o canto antes da batida. Por isso, erraram a maioria de suas apostas. Todos os batedores acertaram suas cobranças. Até que, nas alternadas, João Vítor perdeu. E Ramírez sacramentou a passagem para a final.

Apesar de toda a limitação e a péssima atuação do time, vencer foi saboroso. Porque derrotamos um Palmeiras guerreiro e mais afim de jogo e, se não espanta o fantasma de 99 e 2000 ao menos alivia um pouco o trauma.

E ganhar "deles" é mesmo beeem mais gostoso.