domingo, 15 de fevereiro de 2009

Meio Majestoso

Como se punissem a falta de esportividade da diretoria do São Paulo, os tais deuses da bola presentearam o Morumbi com meio Majestoso: o primeiro tempo foi estudado e burocrático, mas o segundo foi digno do clássico.

Desde o começo da semana, os tricolores avisaram que cumpririam o mínimo estabelecido pelo estatuto do torcedor no que se refere à distribuição de ingressos aos torcedores visitantes. Como se a Fiel fosse de outra cidade, ficou com apenas 10%. Houve quem, na imprensa, dissesse que eles estavam certos. Mas, como já escrevi aqui, houve um assassinato da essência de um clássico: duas torcidas duelando em pé de igualdade.

No dinal das contas, o Morumbi não recebeu um público à altura deste Corinthians X São Paulo.

No primeiro tempo, a partida lembrou mais um jogo de xadrez, no qual até mesmo as cores das peças se equivaliam. As peças brancas tiveram melhor volume de jogo, mesmo com um time reserva. Mas não souberam aproveitar o melhor momento, já que falhavam feio na hora de finalizar as jogadas.

Com a ausência de Chicão, Mano Menezes optou por um time com 3 zagueiros - Jean, William e Escudero. Assim, desobrigado da função de marcar, André Santos atuaria mais solto. Mas, do outro lado, Túlio jogou improvisado, o que deixaria o time pouco efetivo pela direita. Mas a função do ex-botafoguense era vigiar as descidas de Jorge Wagner, que não jogou.

Pouco produtivo, Túlio reviveu os seus tempos de estrela solitária ao cair tolamente na provocação de André Dias: agrediu-o, e foi merecidamente expulso.

O problema maior é que ofensivamente a equipe também não funcionava. Mano abiu mão de um jogador de referência para dar mais leveza diante dos pouco velozes zagueiros são-paulinos. Só que Jorge Henrique e Morais não jogaram bem.

O segundo tempo foi espetacular.

Para compensar a saída de Túlio, Mano colocou Souza no lugar de Morais. O desempenho ofensivo melhorou, e o São Paulo não fez valer o homem a mais que tinha em campo.

Aí, entrou o dedo do Muricy, que colocou Hernanes no lugar de Rodrigo e Borges no de André Lima, apagado no jogo.

Tacada de mestre, que nem a expulsão de Wagner Diniz apagou.

Numa partida pra lá de estudada, o ótimo volante pernambucano fez a diferença. Numa jogada de contra-ataque peculiar do tricolor, ele começou a jogada que, de pé em pé, passou por Dagoberto e terminou em Borges, de frente para Felipe. Golaço!

Só que o Mano também fez uma ótima mexida: Boquita entrava no lugar de Douglas, que, sem ritmo de jogo por causa da contusão, ficou devendo.

E o garoto da criticadíssima base mostrou personalidade e deu um belo passe para André Santos duelar com Bosco. O ala foi cirúrgico: esperou o momento certo para tocar por cima do goleiro, no canto esquerdo. Golaço!

Depois de vários jogos claudicante, André começava a reencontrar o seu futebol. Mas fez falta dura e acabou expulso, com dois cartões amarelos.

O 1 a 1 coroou uma partida com todas as nuances que um clássico deve ter. No primeiro tempo, houve muita tensão, mas o futebol ficou esquecido num cantinho perdido do Morumbi. No segundo, a dramaticidade ainda se fazia sentir, mas o futebol reapareceu, dando a um jogo entre dois ferrenhos rivais o tempero necessário a um grande espetáculo.

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