sexta-feira, 2 de maio de 2008

O despertar de um gigante!

Já com a poeira da euforia mais baixa, venho para ficar feliz. Até que venha o próximo jogo.


E pra constatar, pela enésima vez, que o Corinthians não é uma instituição esportiva convencional. Passa a quilômetros de distância disso. E o motivo de tamanho diferencial é a Fiel.

Ou seja... somos nós.

Tanto se fala que os tempos dos setentas não voltam mais. Época em que chegamos ao cúmulo de dividir um Maracanã com o Fluminense e estabelecemos o indelével recorde histórico no Morumbi. Tempos em que qualquer jogo tinha público de trinta mil pra cima. Coisa rara hoje em dia. A Fiel, dizem os antigos, não mais é a mesma desses tempos. Vão além. Ficou como todas as outras.

A quarta-feira mostrou que o diferencial, embora por vezes adormecido no espírito da Fiel, continua lá. Ela talvez não lote mais todos os jogos como antigamente, mas se faz presente justamente nos momentos mais difíceis.

No jogo de volta contra o Fortaleza não havia mais do que uns 10 mil incautos - eu entre eles. O único setor do Morumbi com um número considerável de gente era a arquibancada a azul, acessível da Praça Roberto Gomes Pedrosa. Da laranja, os Gaviões puxavam os cantos, mas não eram muitos. O time havia ganho a partida de ida, o que gerava uma vantagem considerável. Era uma situação cômoda.

Na fase seguinte, um time combalido pela eliminação no Paulista e contestado - merecidamente - pelas más atuações tem pela frente a chance de tirar da garganta uma espinha com gosto de pequi. O Goiás disputou com o Corinthians o direito de permanecer na Série A até a última rodada. Graças a um jogo polêmico contra o Inter, conseguiu escapar - o gol que lhes originou a vitória saiu de um pênalti cobrado três vezes porque Clemer se adiantara, um lance que quase nunca é invalidado. Mas, vá lá, é regra... e o Corinthians também deu grandes vaciladas durante a competição.

E a chance de revanche começou com revés arrasador: 3 a 1 no Serra Dourada. Sem que o time jogasse nada havia um tempão, aquela desvantagem parecia uma missão impossível. Só que os alviverdes do cerrado cometeram o grave erro de subestimar o gigante. Falaram de uvas roxas antes e depois do jogo.

Aí, a Fiel renasceu o espírito dos guerreiros incansáveis do jejum, da Invasão do Maracanã (razão do título deste blog) e dos ensurdecedores de 77. Uma alma já presente no Pacaembu, três anos antes. Um moleque travesso do Paraná havia aprontado das suas, mas tomaria merecidas chineladas. Este bravo dos céus entra na batalha sempre pra vencer. Só sucumbiu ao descenso porque não pôde contra o império do mal formado por tantos desmandos e trapalhadas de um certo matusalém.

E então, 51 mil fiéis se tornaram homens do campo. A uva roxa produziu quatro tipos de vinho da melhor qualidade. Dois deles, oriundos da melhor safra mosqueteira dos tempos de Idário e Biro-Biro. Foram produzidos por Diogo, o Rincón dos pampas. No terceiro, a colheita brindou o melhor dos mundos: aliou à valentia do Superzé à arte de Rivelino. Graças a André de todos os Santos. O quarto, discreto como seu autor, foi além do quase. Coroou uma noite de glória.

Vem aí outro conhecido algoz. Mas, aposto, será engolido por um gigante ferido, cutucado... mas que resolveu despertar de vez.

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