sábado, 31 de maio de 2008

Ninguém cala o bando de loucos

Já totalmente refeito do nirvana pulsante de quarta, chego para comemorar.


Aqui e ali, incensavam o Botafogo. Diziam que era mais time e tinha um leve favoritismo.

Ao assistir à partida decisiva contra o Atlético-MG, percebi que o Glorioso não era assim tão assustador. Dependia demais das boas atuações dos seus principais jogadores: Lucio Flávio e Wellington Paulista. Na ocasião, enquanto os dois não resolveram a parada, o Galo até ofereceu perigo, com as descidas de Marques - filho do Terrão - pela esquerda e com boas metidas de bola de Petkovic.

Uma coisa era certa: o duelo alvinegro prometia. Porque, bem ou mal, os cariocas tinham, sim, mais entrosamento - traduzido em dois anos a mais de trabalho de Cuca - e, por isso, muito bem treinado.

Do jogo no Engenhão, só assisti aos melhores momentos e depoimentos aqui e ali de quem analisou a partida. Pelo que diziam, o Corinthians jogou melhor. Carlos Alberto abriu o placar em belíssimo passe de Herrera. Mas fez o pênalti que iniciou a reação da Estrela Solitária. E aí, a boa defesa corintiana ficou parada assistindo à virada proporcionada por Jorge Henrique - bom jogador, mas marrento que dói.

O revés doeu por ser de virada e por contar com um imponderável vindo do sul. Leonardo Gaciba deu amarelo a todos os pendurados. O dado a Fabinho foi merecido, mas o de Lulinha é discutível e o de André Santos um escândalo de injusto, visto que ele sequer fez falta no lance. Carlos Alberto também ficaria de fora. Aí, o Mano foi na ferida e todo o mundo se melindrou.

A ausência do volante seria crucial pela liderança que ele estabelece em campo. Doeria, porém, menos do que as de Lulinha e - principalmente - André. Mais um ponto a favor deles. Entraram Nilton, Eduardo Ramos, Wellington Saci e Alessandro.

O Cícero Pompeu exalava um jogo de xadrez diferente, por ser de extrema tensão. E não deu outra. O zero a zero do primeiro tempo não traduzia a temperatura dos ânimos. Dentinho se estranhou com Jorge Henrique, Diguinho e Leandro Guerreiro. E o atacante botafoguense, em declaração infeliz, alfinetou o Corinthians "Eles são desleais. Vamos sair daqui classificados".

Aí, Evandro Roman se valeu de sua pequena autoridade e agiu com totalitarismo. Expulsou o Mano por invadir o campo. Tá, o treinador corintiano errou, porque saiu da zona técnica e realmente pisou dentro. Mas precisava disso tudo? Uma bronca bastava,

Antes de subir para as tribunas e sofrer com a comunicação via celular, ele deixou feita uma substituição: sai Fábio Ferreira e entra Acosta. O uruguaio ascendente abriu o caminho para a classificação.

Mas quem disse que ela viria sem percalços? Eis que Lúcio Flávio bate escanteio e conta com a falha de Felipe. Gol de Renato Silva. O caminho da redenção se povoava de pedras. Mas o gigante não se curva. Magicamente, o pé de Chicão ganhou o espírito de Marcelinho, o Carioca.

E o deus do futebol fez o êxtase subir na alma de tantos torcedores. Morumbi e São Januário se conectaram em uma só tensão: os pênaltis. Tanto cá como lá, todos acertaram, menos um. Lá, Edmundo, que tem na penalidade máxima o calcanhar de Aquiles. Cá, Zé Carlos, que mudou o canto da cobrança.

E a Copa do Brasil verá um inédito duelo de Sport Clubs: o do Recife e o Corinthians Paulista.

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