quinta-feira, 29 de abril de 2010

Depois eu sinto vergonha e todo o mundo me xinga

Caiu o mundo ontem no Rio.

O primeiro tempo do clássico contra o Flamengo praticamente não existiu, tamanha a tempestade.

Ainda assim, além de água, uma oportunidade pareceu cair do céu. Michael foi expulso!

A torcida se inflamou.

Mas o Corinthians insistia em não jogar certo. Afunilava demais o jogo. Moacir subia mais do que Roberto Carlos, e não tinha força para cobrir a avenida que se abria.

No segundo tempo, houve um período de ataque contra defesa. Mas o apagado Juan dá um corte em Moacir para tentar a linha de fundo, e o lateral baiano se enche de ingenuidade. Pênalti!

Adriano cobrou deslocando Julio Cesar.

Ainda havia jogo, mas o time insistia em não fazer valer a posse de bola.

Num contra-ataque, Adriano sobe livre de cabeça. Julio Cesar fez boa defesa.

A atuação de Ronaldo foi lamentável. Matou várias de canela e, numa delas, deu o contra-ataque que originou o gol rubro-negro.

Os caras venceram na raça. E na nossa falta de futebol.

De tão raivosos, alguns torcedores chegaram até a decretar a eliminação. Eu ainda não jogo a toalha.

Mas vai ter de jogar muito mais do que "aquilo" para fazer os dois gols de diferença necessários no Pacaembu.

Contra um Flamengo que, tecnicamente, mostrou não ser nada de mais. Mas sai do Maracanã muito fortalecido pelas circunstâncias do jogo e de todo o resto.

Tá na hora de a Fiel tirar a pele de cordeiro e começar a ser mais "lobo" - e eu tô falando de uma cobrança mais forte e incisiva, mas não violenta!

Ainda dá tempo!

domingo, 11 de abril de 2010

Domingo sem graça

Domingo totalmente sem graça... não teve Corinthians em ação.

Na Folha, não havia uma nota sequer. Que fim de feira...

A Libertadores está aí... tomara que o jogo vire.

VAI, CORINTHIANS!

Mas um domingo sem você é a coisa mais insossa do mundo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Solo para focas e cornetas

O post anterior causou celeuma numa comunidade do Orkut. Presentearam-me com uma saraivada de xingamentos e ironias baratas.

Gente que não suporta uma linha de pensamento crítico. Que acha que tá tudo bem ficar atrás de Santo André e Grêmio sei lá de onde, tomar vareio do Santos e afins.

Percebi que estabeleceu-se uma divisão na torcida. De um lado, os cornetas, críticos às vezes ao extremo, têm o mérito de não se curvar ante os erros cometidos pelo time. De outro, os focas, que entram com os dois pés no peito contra quem ousa fazer uma mísera crítica.

Muitas dessas pessoas, muito jovens, vivem uma era muito mais rica em conquistas. Viram o bicampeonato brasileiro, Tevez e Ronaldo. Se é mais vencedora, essa geração de times sofre de uma carência do espírito lutador que perdurou até os anos 90.

Os jovens de hoje consideram o Paulista uma competição menor. Então, diminuem o nível de exigência ao time. É vero que o estadual perdeu a importância daqueles tempos. Mas, do alto de seus 108 anos de existência, está longe de ser favas contadas.

O aparecimento da internet revelou um bando de chatos de galocha, que tem aversão à menor cobrança ao time. Vaiar durante o jogo? Corre-se o risco até de arrumar briga.

Em 2006, fui com um amigo à reestreia do Ricardinho. O Corinthians enfrentava o São Bento. Um grupo de torcedores pediu para a gente segurar uma faixa, que dizia: "Ricardinho, você voltou. Mas nós não nos esquecemos". Um pessoal da Gaviões passou lotado para tirar satisfações. Por sorte, tudo foi resolvido só no papo.
É óbvio que o extremo oposto também não é saudável. Combato com igual vigor a cobrança excessiva, que esbarra até no pessimismo - o que pra mim é inadmissível, porque a confiança é um dos pilares máximos do corintianismo. Acreditamos no impossível até quando perdemos para nós mesmos.

Porque o Corinthians, antes de tudo, é uma instituição que tem uma identidade muito peculiar. Muito maior do que jogadores, dirigentes, treinadores e torcedores. Se por um lado ela exige mais espírito de luta do que arte, por outro não se contenta com pouco.

É em nome dessa identidade que me declarei envergonhado com a pífia campanha no Paulista. Dar de ombros com um fracasso é algo que não entra na minha cabeça.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Profundamente envergonhado

Estou profundamente envergonhado.

Nos debates, optei por adotar uma postura serena. Aceitei mesmo as críticas de corintianos mais radicais, mas sem deixar de combater certa dose de pessimismo. Mas, decepcionado, constato que muitos dali tinham razão.

Lembro-me com carinho de 1987. O Corinthians chegou a ser lanterna do Campeonato. Chico Formiga veio e comandou uma fantástica reação. Nas semifinais, Edmar teve atuação espetacular: fez 4 dos 5 a 1 enfiados no Santos de Mendonça. O zero a zero seguinte garantia a passagem às finais.

A final aconteceu contra um São Paulo mais arrumado e qualificado. Eles venceram a primeira por 2 a 1. Para chegar ao título, era necessária uma vitória, nem que fosse pela contagem mais simples.

O seu destino, tão generoso até ali, resolveu assumir uma postura matreira. Os guerreiros tome que martelavam. Nesse dia, eu estava em viagem com família e amigos. Eu era o único ali que estava torcendo pelo Corinthians.

No finalzinho, Mauro chuta... e vai na trave. Não era pra ser. Dulcídio selava com o apito o fim da história. Perder é da vida, e os guerreiros o fizeram em pé.

Mas isso não volta mais.

Em pleno alvorecer do centenário, o Corinthians dá um vexame monumental. Num campeonato de pouquíssimos times de gabarito fora do eixo dos gigantes, nem ao menos passa à fase decisiva. Pior: na rodada final, entregou sua sorte aos tropeços de um rival direto e um clube sem pátria.

Não aconteceu. O elenco formado a fios de ouro tropeçou nas próprias pernas. Rodou o time, o que rendeu pouco entrosamento, algumas peças estiveram abaixo da crítica e o onze protagonizou vergonhas homéricas: empatou com o rebaixado Monte Azul, tomou verdadeiro baile do Santos - que só não virou goleada porque a molecada da Vila é muito ingênua - e caiu diante do tal nômade e de um Paulista que até então era o último colocado da competição.

No descerrar das cortinas, fez uma pálida lição de casa: enfim goleou um certo Rio Claro. Mas já era tarde.

Parecido com isso senti em 2007, com aquele arremedo que nem dá pra chamar de time que protagonizou o momento mais azedo da história. Mas mesmo eles tinham alguma alma. Eram incapazes, mas pelo menos lutaram. Este, no papel qualificado, tinha a OBRIGAÇÃO de ficar entre os quatro. Porque com luva de pelica esnobou o Paulista - um torneio que perdeu envergadura, mas está longe de ser desimportante - para priorizar a neura chamada Libertadores.

Ao time que o Corinthians escolheu para os seus cem não falta só futebol. Carece também do espírito guerreiro que vi tão presente nos anos 80 e os mais versados em história cansam de exaltar dos escretes mais antigos. Por outro lado, a diretoria burramente mira seus esforços em uma coisa só - como já fizera em 2009.

E a torcida, na demonstração mais suprema dessa minha decepção, se contenta em dizer amém. "Eu nunca vou te abandonar" não significa que as críticas não devam ser feitas. Mas ela fechou as suas portas para essa visão mais ampla.

Continuarei torcendo e acreditando na taça, mas não mais com o mesmo otimismo de antes.