sexta-feira, 9 de abril de 2010

Solo para focas e cornetas

O post anterior causou celeuma numa comunidade do Orkut. Presentearam-me com uma saraivada de xingamentos e ironias baratas.

Gente que não suporta uma linha de pensamento crítico. Que acha que tá tudo bem ficar atrás de Santo André e Grêmio sei lá de onde, tomar vareio do Santos e afins.

Percebi que estabeleceu-se uma divisão na torcida. De um lado, os cornetas, críticos às vezes ao extremo, têm o mérito de não se curvar ante os erros cometidos pelo time. De outro, os focas, que entram com os dois pés no peito contra quem ousa fazer uma mísera crítica.

Muitas dessas pessoas, muito jovens, vivem uma era muito mais rica em conquistas. Viram o bicampeonato brasileiro, Tevez e Ronaldo. Se é mais vencedora, essa geração de times sofre de uma carência do espírito lutador que perdurou até os anos 90.

Os jovens de hoje consideram o Paulista uma competição menor. Então, diminuem o nível de exigência ao time. É vero que o estadual perdeu a importância daqueles tempos. Mas, do alto de seus 108 anos de existência, está longe de ser favas contadas.

O aparecimento da internet revelou um bando de chatos de galocha, que tem aversão à menor cobrança ao time. Vaiar durante o jogo? Corre-se o risco até de arrumar briga.

Em 2006, fui com um amigo à reestreia do Ricardinho. O Corinthians enfrentava o São Bento. Um grupo de torcedores pediu para a gente segurar uma faixa, que dizia: "Ricardinho, você voltou. Mas nós não nos esquecemos". Um pessoal da Gaviões passou lotado para tirar satisfações. Por sorte, tudo foi resolvido só no papo.
É óbvio que o extremo oposto também não é saudável. Combato com igual vigor a cobrança excessiva, que esbarra até no pessimismo - o que pra mim é inadmissível, porque a confiança é um dos pilares máximos do corintianismo. Acreditamos no impossível até quando perdemos para nós mesmos.

Porque o Corinthians, antes de tudo, é uma instituição que tem uma identidade muito peculiar. Muito maior do que jogadores, dirigentes, treinadores e torcedores. Se por um lado ela exige mais espírito de luta do que arte, por outro não se contenta com pouco.

É em nome dessa identidade que me declarei envergonhado com a pífia campanha no Paulista. Dar de ombros com um fracasso é algo que não entra na minha cabeça.

Um comentário:

Camisetas Calientes! disse...
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