sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um pouco de reflexão

Depois de recolhidos os cacos pela frustração, chegou a hora de recomeçar. Por instantes, para mim, o mundo acabou. E diante das gozações, decidi dar um gelo em alguns conhecidos torcedores de outros times, sorrindo de orelha a orelha.

Depois que o Flamengo "venceu perdendo", a torcida aplaudiu o time.

Com a cabeça mais fria, vejo que foi merecido. Pelo menos por este jogo em especial.

Mas nada elimina o momento de reflexão pelo qual todos temos de passar. Afinal, o fracasso na Libertadores evidenciou uma série de erros.

Entre eles, não creio que a montagem do elenco tenha sido uma delas. Mesmo com deficiências como as ausências de reservas à altura para Felipe e Ronaldo, as vindas de jogadores como Iarley, Danilo, Roberto Carlos e até o criticadíssimo Tcheco tinham boas razões para acontecer. Para vencer a Libertadores, era preciso contar com jogadores experientes. O atacante e o meia-esquerda ganharam, respectivamente, por Boca Juniors e São Paulo.

O problema maior, aí, é que Roberto Carlos, Danilo e Ralf vieram para preencher lacunas que se mostraram fatais. As saídas de Douglas, Cristian e André Santos destruíram uma unidade fundamental para as conquistas de Paulista e Copa do Brasil. Com eles, o time "deu liga".

Outro equívoco é o rodízio em excesso, o que dificultou o entrosamento do time. Com a agravante de ainda dar chances a Bill e Escudero, cuja carência técnica os impede de jogar num clube como o Corinthians.

Também contribuiu a troca, na lateral direita, de Balbuena por Moacir. Não pudemos contar com Alessandro durante praticamente toda a competição. Mesmo sendo limitado, o paraguaio tinha mais rodagem do que o pernambucano. Moacir - um jogador até razoável - pecou pela ingenuidade e provocou um pênalti que se mostrou fatal.

A gana pela Libertadores é compreensível. Queiramos ou não, e a despeito da fragilidade técnica da maioria dos participantes, trata-se de, na pior das hipóteses, do terceiro mais importante torneio de clubes do planeta, que dá passagem para o Mundial de Dubai.

Mas dela surgiu o maior de todos os erros: o desdém ao Brasileirão 2009 e ao Paulista 2010. No primeiro, o time deu o ano como favas contadas e sofreu derrotas pra lá de incompreensíveis, como para o rebaixado Náutico de virada em pleno Pacaembu e para o Flamengo em Campinas. O segundo chegou até mesmo a envergonhar: derrotas para Grêmio sem pátria e Paulista, então último colocado, e eliminação da semifinal.

O empenho maior nas duas competições poderia não redundar em títulos, mas deixava o time mais embalado para a Libertadores. A disputa na fase de grupos chegou a ser enfadonha, com o time propositalmente fazendo tão somente a lição de casa, quando poderia nitidamente apresentar mais. A ausência de espírito também foi prejudicial.

Questões mais pontuais com bastidores são coisas que já se repetem à exaustão. Uma mudança estrutural na cartolagem é um processo complexo e leva anos para acontecer.

Mas, por si só, não representam todos os porquês. Afinal, o Flamengo é muito mais tumultuado, e chegou às oitavas esfacelado e sem treinador.

3 comentários:

Lisete disse...

A que se repensar muitas coisas entre elas por que a diretoria não trouxe um técnico ganhador de Libertadores?O Mano ganhou qual título importante? O departamento médico do Corinthians é também culpado pelo Ronaldo não emagrecer.E o preparo físico dos jogadores?Péssimo! Agora é fácil ficar procurando culpados.Não seria melhor procurar soluções para o futuro?

Unknown disse...

Lisete, eu acho importante detectar os erros. Para que eles não se repitam da próxima vez.

Unknown disse...

Felipe, minha opinião:
Realmente não é adequado promover uma caça às bruxas e nem mesmo pescar justificativas para o que ocorreu. Independente das falhas no "projeto Libertadores", iniciado em 2009 com a vinda do Ronaldo, o Corinthians se fez merecedor de aplausos e apoio. O Mano, a diretoria e os jogadores têm sim seus defeitos, mas em momento nenhum podemos acusá-los de descaso com o objetivo final. Ouvi muita gente (inclusive corinthianos) dizer que o Corinthians iria decidir "100 anos em 90 minutos". Mas a história gloriosa que a entidade Corinthians construiu não pode ser desmerecida por causa de um torneio, que se tornou uma obsessão. É só um torneio. O Corinthians é infinitamente mais do que isso. É o que devemos nos lembrar sempre.