O ano era 1993. O chamado "Clássico das Multidões" teria o Pacaembu como palco. Do lado de lá, o gigante da Democracia parecia jogar apenas mais uma partida contra a agremiação que tanto defendeu no passado. Honrou as vestes rubro-negras com dignidade, pois tinha um compromisso a cumprir.
Ironia das ironias, pode-se dizer que o Corinthians venceu com um gol seu. Partida difícil, em que Gilmar Rinaldi, hoje empresário de jogadores, teimava em pegar tudo. Rivaldo chutou e a bola bateu nele antes de entrar. Mais um de tantos tentos à ocasião marcados com a camisa devota de São Jorge.
Mas não foi essa a marca que ficou.
Escapa-me da memória o momento do jogo em que aconteceu. Mas de tão intenso o momento prescinde de precisão. Os valentes Gaviões puxaram o cântico de consagração. "Volta, Casão! Seu lugar é no Timão."
E ele ganhou o Pacaembu de um lado a outro, como um maremoto.
Casão não ficou imune à súplica. Contou Juca Kfouri uma vez que, no vestiário, o gigante chorava como uma criança:
- Juca, o que é isso????
- Casão, a Fiel te ama.
Ele voltou. Foi uma passagem discreta, mas suficiente para que eu pudesse vê-lo no estádio pelo menos uma única e última vez. Encerrou a carreira no Paulista e virou comentarista da Globo.
Anos depois, duas notícias desabam em mim como bomba. Um acidente automobilístico primeiro, e a revelação da internação depois.
É triste ver que o Casão ainda não conseguiu vencer a guerra contra a dependência química, que era desconfiada a boca pequena há tempos, mas nunca espalhada com fervor.
Chegou a hora de os corintianos pelo menos dizer aos quatro cantos que está com ele.
FORÇA, CASÃO
A FIEL AINDA TE AMA
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