sábado, 29 de março de 2008

Casão, a Fiel te ama

O ano era 1993. O chamado "Clássico das Multidões" teria o Pacaembu como palco. Do lado de lá, o gigante da Democracia parecia jogar apenas mais uma partida contra a agremiação que tanto defendeu no passado. Honrou as vestes rubro-negras com dignidade, pois tinha um compromisso a cumprir.

Ironia das ironias, pode-se dizer que o Corinthians venceu com um gol seu. Partida difícil, em que Gilmar Rinaldi, hoje empresário de jogadores, teimava em pegar tudo. Rivaldo chutou e a bola bateu nele antes de entrar. Mais um de tantos tentos à ocasião marcados com a camisa devota de São Jorge.

Mas não foi essa a marca que ficou.

Escapa-me da memória o momento do jogo em que aconteceu. Mas de tão intenso o momento prescinde de precisão. Os valentes Gaviões puxaram o cântico de consagração. "Volta, Casão! Seu lugar é no Timão."

E ele ganhou o Pacaembu de um lado a outro, como um maremoto.

Casão não ficou imune à súplica. Contou Juca Kfouri uma vez que, no vestiário, o gigante chorava como uma criança:

- Juca, o que é isso????

- Casão, a Fiel te ama.

Ele voltou. Foi uma passagem discreta, mas suficiente para que eu pudesse vê-lo no estádio pelo menos uma única e última vez. Encerrou a carreira no Paulista e virou comentarista da Globo.

Anos depois, duas notícias desabam em mim como bomba. Um acidente automobilístico primeiro, e a revelação da internação depois.

É triste ver que o Casão ainda não conseguiu vencer a guerra contra a dependência química, que era desconfiada a boca pequena há tempos, mas nunca espalhada com fervor.

Chegou a hora de os corintianos pelo menos dizer aos quatro cantos que está com ele.

FORÇA, CASÃO

A FIEL AINDA TE AMA

Nenhum comentário: