domingo, 31 de janeiro de 2010

O tabu chegou ao fim

Dia de Corinthians X Palmeiras é sempre especial. Antigamente, a semana ficava com uma aura em verde e preto no ar, uma tensão marcante daquele que, para mim é, junto com Flamengo X Vasco, o maior clássico do país.


Apesar de nunca poder cantar vitória antes do tempo, tive o pressentimento de que o Corinthians daria fim a três anos de tabu. O vento parecia mesmo soprar a favor com a ausência de importante vértebra da espinha dorsal palmeirense: Diego Souza estava fora. Mas Pierre e Cleiton Xavier, ainda que no sacrifício, iriam para o jogo.

Pronto! Metade do time de Muricy Ramalho estaria de fora da partida. Do nosso lado, Ronaldo seria uma ausência, por cautelosa ordem do departamento médico. Ele estaria ainda com rescaldo de contusão sofrida na partida contra o Flamengo, pelo Brasileirão do ano passado.

Apesar da ausência do Fenômeno, Mano Menezes escalou uma formação que deve se tornar rotina quando o ano começar pra valer. Mas abandonou por ora os três atacantes, preferindo Tcheco e Danilo no meio, e Jorge Henrique e Iarley mais à frente. Um ataque sem referência, mas mais veloz. Na defesa, a única alteração foi a entrada de Ralf como cabeça de área no lugar de Marcelo Mattos.

Logo aos 6, gol do Corinthians. Tcheco cobra falta da direita, e Jorge Henrique aproveita a falha aérea do Palmeiras para fazer de cabeça. Dada a incrível fragilidade dos rivais, pareceu que a vitória viria sem sobressaltos.

Mas eis que Roberto Carlos exagera no carrinho, e o árbitro Wilson Seneme exagera mais ainda: vermelho direto para o lateral-esquerda corintiano. Tudo levava a crer que a pressão viria forte.

Não foi o que aconteceu. A falta de Diego Souza fez com que o Palmeiras atuasse sem criação no meio, já que Cleiton Xavier atuava mais avançado. Imediatamente, Muricy tratou de dar mais ofensividade ao setor: sacou Gualberto e colocou Daniel. Mas o treinador fez nova mudança ainda no primeiro tempo. Com medo de eventual compensação de Seneme, colocou Wendel no lugar de Armero, que recebera um cartão amarelo.

Mesmo com um a menos, Mano preferiu não fazer alterações de jogadores. Num primeiro momento, colocou Danilo para cobrir a ausência de Roberto. Mas, diante da fragilidade ofensiva do adversário, devolveu-o a sua posição original, na meia esquerda, e deslocou Ralf para lá.

Na segunda metade da etapa inicial, o Palmeiras pressionou um pouco mais, mas não levou efetivo perigo. Mesmo com um a mais, oferecia ao Corinthians uma arma que se revelou eficiente nos melhores momentos do ano passado: o contra-ataque. A sorte palmeirenses é que tal trunfo não pôde ser usado, já que Elias trabalhava por dois no meio, e Danilo teve de atuar mais recuado... quase como um zagueiro.

No segundo tempo, o Palmeiras ainda abusava do jogo aéreo, mas chegou com mais perigo. Uma aos 3, com cobrança de falta de Cleiton Xavier, e outra com boa finalização de Robert. Mas as duas morreram em boas defesas de Felipe, em sua melhor atuação no ano. Ele, William e Jorge Henrique seguraram muito bem as pontas nos momentos mais difíceis, o que assegurou a vitória.

A esperança palmeirense de alguma reação se esvaiu aos 40. Cleiton Xavier teve lampejos de Rui Rei, e reclamou de uma falta. Tomou amarelo, mas não parou. Insistiu tanto que acabou expulso.

Não foi do jeito que eu gostaria. A expulsão do Roberto Carlos deixou o jogo mais sofrido. Mas vencer o Palmeiras sempre será mais saboroso do que tudo.