quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Os dois lados da vitória

Que diferença faz um grande centroavante...

A prova disso veio na goleada de ontem sobre o Ituano. Ainda indignado com a saída na Libertadores, não vi os gols de Ramirez e Chicão.

Mas não consegui manter o jejum na íntegra, e fui inesperadamente premiado pela sagacidade qualificada de Liedson.

No terceiro gol, recebeu passe de Morais, ajeitou com a perna direita e rapidamente definiu com a esquerda.

É gol de quem sabe.

No quarto, aproveitou rebote do defensor e bateu de primeira.

O baiano-brasileiro-português desde já apresentou as suas credenciais.

Se por um lado é auspicioso encontrar um artilheiro, por outro a série de vitórias após o vexame na Libertadores prejudica por insinuar uma nova máscara a tudo o que está errado: o péssimo planejamento de ano, um elenco frágil e um treinador sem gabarito para dirigir o time à altura do Corinthians.

Isso só pra ficar na ponta do iceberg.

Não adianta desdenhar conquistas, subestimar o Tolima e dizer "vivo de Corinthians". Continuaremos torcedores incondicionais, mas queremos vencer, sim.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Corinthians se apequenou

Triste trajetória. Vem da vergonhosa eliminação no Paulista. Passou pela eliminação da Libertadores pelo Flamengo, a troca de Mano por Adílson, a derrota para o Atlético de Goiás, a chegada de Tite e o vexatório final de Brasileiro. De candidato ao título a um terceiro lugar que culminou com a tal preliminar. Não sei se definitivo, mas o papelão de ontem foi só o cume de um triste processo. A verdade é que o Corinthians parece estar se apequenando.

Sinais desta praga vêm de 2009, quando a diretoria se desfez não de um jogador, mas da base de sustentação de uma equipe vencedora. André Santos quis sair, mas Cristian e Douglas foram praticamente enxotados do Parque São Jorge. E o que deveria ser a redenção de um clube que sobreviveu ao rebaixamento se tornou um desrespeito com o seu torcedor: deu de ombros para o Brasileiro, porque "a meta do ano já estava cumprida".

No ano do Centenário, os sussurros de "centernada" dos rivais viraram coro. Quando me declarei envergonhado por perder o Paulista para Santo André e Grêmio sei lá de onde, provoquei boa dose de polêmica. Aí, um Flamengo em frangalhos - sem técnico e com um elenco pra lá de contestado, nos varreu da Libertadores. A boa campanha no Brasileiro acendeu uma fagulha de esperança. É esse o nosso lugar: brigando para vencer.

Mas tudo começou a desandar com a troca de Mano por Adílson. Sabe-se lá como, o time perdeu o norte. Perdeu para o Atlético-MG de virada e sofreu uma humilhante derrota para o xará do centro-oeste - em casa. O ex-zagueiro caiu inexplicavelmente... e veio Tite, uma versão piorada de Mano Menezes.

O vexame não podia ser maior. Terminou as últimas rodadas do Brasileiro vestido de inacreditável apatia. Viu pontos preciosos escorrerem pelas mãos em empates contra o Vitória e os juvenis do Goiás. Com a vitória do Cruzeiro sobre o Palmeiras, o candidato ao título não ficou nem com o vice-campeonato. Seria obrigado a jogar uma preliminar para poder disputar a Libertadores.

De lá pra cá, nada de promissor foi feito. Claramente sem gabarito para dirigir um Corinthians, Tite permaneceu. Nem a clara necessidade de grandes jogadores fez os cartolas se empenhar na vinda de reforços de peso. Fomos com o que tínhamos contra o Tolima. Ora, não poderia ser tão difícil passar.

E mais uma vez a falta de espírito invadiu um elenco ainda mais limitado com a ida de Elias para o Atlético de Madri. Tite faz lambança atrás de lambança, arma e substitui mal... e o time desabou mais uma vez.

Todos têm culpa: os jogadores, que parecem não saber onde estão jogando; o técnico, que saca a única vida inteligente do meio-campo para por um volante e improvisar no meio um atacante sem característica de meia; o peruano recém contratado, que com a expulsão enterrou qualquer chance de reação; a diretoria, que deu um banho de incompetência de fazer inveja a clube de várzea; e o mais triste de tudo: boa parte da torcida, que, cooptada, disse amém a tudo. Mais grave do que isso, ataca quem se atreve a criticar.

Desprovidos do espírito guerreiro que tomou conta até mesmo do catadão de 2007, quem somos nós para apontar o dedo para o Palmeiras e chamá-lo de "Portuguesa da Turiassu"? Se sofrem de desorganização crônica, nossos rivais pelo menos tentam movimentos de grandeza: elegem a presidente um respeitado economista, estão em vias de construir um estádio moderno - que é muito mais realidade do que o nosso tão sonhado Itaquerão, e tentam segurar os seus mais valorosos jogadores.

Onde está o faturamento mais valoroso do Brasil? De que adianta vestir um macacão de Fórmula 1 se isso não se traduz em contrapartida decente? Ora, não vivemos de título, não é? Enquanto vivermos uma mentalidade tão podre, vamos sempre conviver com fracassos retumbantes.

Vou te contar... o rebaixamento foi menos vergonhoso do que a eliminação de ontem.